segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Uma análise sobre Consumo e Sociedade de Consumidores, baseada no livro “Vida para Consumo”, de Zygmunt Bauman.



Angra de Oliveira da Conceição


Este artigo tem fundamentos nos dois primeiros capítulos do livro “Vida para Consumo” de Zygmunt Bauman e sua análise de como a sociedade de consumidores se deu e ocorreu nos últimos tempos onde os leitores possam aprimorar seus conhecimentos do assunto.  O livro foi analisado desde o princípio, e Bauman já começa fazendo uma crítica de como as pessoas se tornam em mercadorias com o objetivo de serem aceitas no âmbito social através de suas relações pessoais e garantirem assim um espaço numa sociedade onde tudo se torna passageiro.
Primeiro verificamos o conceito de consumo e consumismo respectivamente, segundo Bauman:

“ [...]O consumo é uma condição e um aspecto permanente e irremovível, sem limites temporais ou históricos; um elemento inseparável da sobrevivência biológica que nós humanos compartilhamos com todos os organismos vivos [...](2008, p. 37)

“Consumismo é um tipo de arranjo social resultante da reciclagem de vontades, desejos, e anseios humanos rotineiros, permanentes e, por assim dizer : ‘ neutros quanto ao regime’, transformando- os na principal força propulsora e operativa da sociedade [...]. ( 2008, p.41)

É importante nos importar a esses dois termos e classificar de acordo com seus significados, evitando assim equívocos em relação ao uso errado da palavra. Termos esses que nos trazem bastante reflexão e entendendo assim o estudo de Bauman. De forma mais clara e objetiva podemos dizer que o consumismo é o desejo exorbitante pela compra, onde se dar valor ao inútil, ao contrário disso está o consumo que nada é o que é peculiar à sobrevivência biológica do homem.
No início do livro o autor nos revela que a sociedade de consumidores está longe da de consumo, digamos assim, onde o individuo inserido na primeira sociedade citada anteriormente transforma-se em mercadoria, rotulado e exposto em prateleiras, portanto, ao mesmo tempo em que ele promove as mercadorias, ele é enaltecido por elas, em outras palavras um círculo vicioso, onde consumidor e mercadoria vivem uma relação dependiosa. O que mais nos preocupa em relação a este tipo de sociedade é que as relações humanas tornam-se “vazias” e distantes, onde o supérfluo ganha “asas”, e as relações “corporais” estrategicamente se tornam raras, dando vida a uma sociedade isolada e poderosamente individual, desenhando padrões e estilos de vida .
No que se refere ao consumismo Bauman era bastante enfático no que diz respeito ao extravagante, desperdiçado e substituído, sendo que o foco era no último.  No mesmo pensamento ele relata que o medo de abandonar os bens materiais por um sentimento de apego, desenharia um quadro de um não consumista, de insucesso.  Para a sociedade de consumidores a associação de felicidade com satisfação faz uma ligação com o sistema capitalista e as necessidades criadas por ele, em volume e intensidades crescentes.
Nessa perspectiva as pessoas organizam sua vida de acordo com seus significados que querem alcançar, num movimento de compra-descarte-subsituição como já foi dito anteriormente, descartando tudo assim que for substituído por outro “deseja” satisfatório, isso claramente estar contido  na fala de Bauman:

“já que o consumismo, em aguda posição às formas de vida precedentes, associa a felicidade não tanto a satisfação de necessidades, ( como suas ‘versões oficiais’ tendem a deixar implícito), mas a um volume e uma intensidade de desejos sempre crescentes, o que por sua vez implica o uso imediato e a rápida substituição dos objetos destinados a satisfazê-la “ (2008, p.44)

No final do segundo capítulo o autor mais uma vez, faz uma semelhança entre a sociedade de trabalhadores e a de consumidores, onde na primeira, os trabalhadores eram fáceis de lidar devido a alienação, e na atualidade, assim são os consumidores que não percebem os “mimos” que o mercado lhe faz para estimular o consumo exacerbado, em  palavras mais objetiva seria dizer que o mercado “torce “ pela a não- satisfação dos consumidores, onde o encantamento por novas compras significa novo começo de um círculo vicioso.

“Numa sociedade de consumidores, de maneira correspondente, a busca da felicidade- o propósito mais invocado e usado como isca nas campanhas de markentig destinadas a reforçar a disposição dos consumidores para se separem do dinheiro [...]” (BAUMAN, Zygmunt).

Na sociedade de consumidores, o autor aborda a cultura consumista, onde os consumidores se comportam sem reflexão, de forma que nessa sociedade seus componentes são apenas consumidores sem formação cultural. Na maior parte do tempo o homem fora treinada como força- de – trabalho, transformando-se em consumidores “fanáticos”, frequentando shoppings centers e ruas comerciais nessa nova sociedade de consumidores, onde elas escolhem quem querem ser, mas se e somente se tiverem condições financeiras para isso.
O legado que Bauman nos deixa a respeito de sua análise e crítica é a forma de sociedade atual, onde pessoas prezam o desperdício e o dinheiro, aliás em uma sociedade onde o dinheiro é desperdiçado em razão de desejos fúteis e incontroláveis.Embora isso assuste, não podemos ver isso como um “bicho de sete cabeças” , pois o cotidiano em si remete a esse tipo de sociedade, é como se fosse um coisa “automática”, “incontrolável”. Uma sociedade onde valores e princípios não esta na cultura, e sim nos desejos atendidos e em bens possuídos, que frequentemente nem sempre atende realmente a necessidade do indivíduo.
  



REFERÊNCIA

BAUMAN, Zygmunt, Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadorias. Tradução: Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008,  p.37-108

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