Angra de Oliveira da Conceição
Este artigo tem
fundamentos nos dois primeiros capítulos do livro “Vida para Consumo” de Zygmunt
Bauman e sua análise de como a sociedade de consumidores se deu e ocorreu nos
últimos tempos onde os leitores possam aprimorar seus conhecimentos do assunto. O livro foi analisado desde o princípio, e Bauman
já começa fazendo uma crítica de como as pessoas se tornam em mercadorias com o
objetivo de serem aceitas no âmbito social através de suas relações pessoais e
garantirem assim um espaço numa sociedade onde tudo se torna passageiro.
Primeiro verificamos o
conceito de consumo e consumismo respectivamente, segundo Bauman:
“
[...]O consumo é uma condição e um aspecto permanente e irremovível, sem
limites temporais ou históricos; um elemento inseparável da sobrevivência
biológica que nós humanos compartilhamos com todos os organismos vivos [...](2008,
p. 37)
“Consumismo
é um tipo de arranjo social resultante da reciclagem de vontades, desejos, e
anseios humanos rotineiros, permanentes e, por assim dizer : ‘ neutros quanto
ao regime’, transformando- os na principal força propulsora e operativa da
sociedade [...]. ( 2008, p.41)
É importante nos
importar a esses dois termos e classificar de acordo com seus significados,
evitando assim equívocos em relação ao uso errado da palavra. Termos esses que
nos trazem bastante reflexão e entendendo assim o estudo de Bauman. De forma
mais clara e objetiva podemos dizer que o consumismo é o desejo exorbitante
pela compra, onde se dar valor ao inútil, ao contrário disso está o consumo que
nada é o que é peculiar à sobrevivência biológica do homem.
No início do livro o
autor nos revela que a sociedade de consumidores está longe da de consumo, digamos
assim, onde o individuo inserido na primeira sociedade citada anteriormente
transforma-se em mercadoria, rotulado e exposto em prateleiras, portanto, ao
mesmo tempo em que ele promove as mercadorias, ele é enaltecido por elas, em
outras palavras um círculo vicioso, onde consumidor e mercadoria vivem uma
relação dependiosa. O que mais nos preocupa em relação a este tipo de sociedade
é que as relações humanas tornam-se “vazias” e distantes, onde o supérfluo
ganha “asas”, e as relações “corporais” estrategicamente se tornam raras, dando
vida a uma sociedade isolada e poderosamente individual, desenhando padrões e
estilos de vida .
No que se refere ao
consumismo Bauman era bastante enfático no que diz respeito ao extravagante,
desperdiçado e substituído, sendo que o foco era no último. No mesmo pensamento ele relata que o medo de
abandonar os bens materiais por um sentimento de apego, desenharia um quadro de
um não consumista, de insucesso. Para a
sociedade de consumidores a associação de felicidade com satisfação faz uma
ligação com o sistema capitalista e as necessidades criadas por ele, em volume
e intensidades crescentes.
Nessa perspectiva as
pessoas organizam sua vida de acordo com seus significados que querem alcançar,
num movimento de compra-descarte-subsituição como já foi dito anteriormente,
descartando tudo assim que for substituído por outro “deseja” satisfatório, isso
claramente estar contido na fala de
Bauman:
“já
que o consumismo, em aguda posição às formas de vida precedentes, associa a
felicidade não tanto a satisfação de necessidades, ( como suas ‘versões
oficiais’ tendem a deixar implícito), mas a um volume e uma intensidade de
desejos sempre crescentes, o que por sua vez implica o uso imediato e a rápida
substituição dos objetos destinados a satisfazê-la “ (2008, p.44)
No final do segundo
capítulo o autor mais uma vez, faz uma semelhança entre a sociedade de
trabalhadores e a de consumidores, onde na primeira, os trabalhadores eram
fáceis de lidar devido a alienação, e na atualidade, assim são os consumidores
que não percebem os “mimos” que o mercado lhe faz para estimular o consumo exacerbado,
em palavras mais objetiva seria dizer
que o mercado “torce “ pela a não- satisfação dos consumidores, onde o
encantamento por novas compras significa novo começo de um círculo vicioso.
“Numa
sociedade de consumidores, de maneira correspondente, a busca da felicidade- o
propósito mais invocado e usado como isca nas campanhas de markentig destinadas
a reforçar a disposição dos consumidores para se separem do dinheiro [...]” (BAUMAN,
Zygmunt).
Na sociedade de
consumidores, o autor aborda a cultura consumista, onde os consumidores se
comportam sem reflexão, de forma que nessa sociedade seus componentes são
apenas consumidores sem formação cultural. Na maior parte do tempo o homem fora
treinada como força- de – trabalho, transformando-se em consumidores
“fanáticos”, frequentando shoppings centers e ruas comerciais nessa nova
sociedade de consumidores, onde elas escolhem quem querem ser, mas se e somente
se tiverem condições financeiras para isso.
O legado que Bauman nos
deixa a respeito de sua análise e crítica é a forma de sociedade atual, onde
pessoas prezam o desperdício e o dinheiro, aliás em uma sociedade onde o
dinheiro é desperdiçado em razão de desejos fúteis e incontroláveis.Embora isso
assuste, não podemos ver isso como um “bicho de sete cabeças” , pois o
cotidiano em si remete a esse tipo de sociedade, é como se fosse um coisa “automática”,
“incontrolável”. Uma sociedade onde valores e princípios não esta na cultura, e
sim nos desejos atendidos e em bens possuídos, que frequentemente nem sempre
atende realmente a necessidade do indivíduo.
REFERÊNCIA
BAUMAN,
Zygmunt, Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadorias.
Tradução: Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008, p.37-108
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